Genesis
Nuno Iudice
(accommodatae: H.M. de Oliveira)

Sole mane totum Carmine incipiat.
Si autem non in conspectum
(ie et cælum pluuium)
ad poema exponit omnia
est quod lucet in terram et cælum,
et nubes miscere - cum nimia lumine, molestum.
Tunc vadit, et carmen, et nimbi;
accedit, scieris cacumina arborum,
simul cantantes, cum avibus et incolis de fluminum ripis.
nescit unde, aut quo vadat.
Carmine narrat quomodo factum est:
non tantum de se dicit; incipiens cum ab temere cinereo,
hoc mane, et fines, tamem a casu.
cum oritur sol.

GÉNESE.
Nuno Júdice

Todo o poema começa de manhã, com o sol. Mesmo
que o poema não esteja à vista (isto é céu de chuva)
o poema é o que explica tudo, o que dá luz
à terra, ao céu, e com nuvens à mistura – a luz incomoda
quando é excessiva. Depois, o poema sobe
com as névoas que o dia arrasta; mete-se pelas copas das
árvores, canta com os pássaros e corre com os ribeiros
que vêm não se sabe de onde e vão para onde
não se sabe. O poema conta como tudo é feito:
menos ele próprio, que começa por uma acaso cinzento,
como esta manhã, e acaba, também por acaso.
com o sol a querer romper.